quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Da UTI ao presídio

Resolvi postar. Fui instigado a dar o meu parecer sobre a tal barbárie que ocorreu em Joinville no último domingo. Falo porque não suporto mais assistir às cenas de violência entre os torcedores de Atlético e Vasco. Falo porque criei uma relação de ódio com o que acontece e o que é transmitido

Desde o incidente com o boliviano em Oruro me pergunto: Será que o jornalismo esportivo realmente quer acabar com a violência e o vandalismo nos estádios? Agora explico porque o menino Kevin me abriu os olhos para tal aborrecimento.

Lembram-se dos apelidados "presos de Oruro"? Pois bem. O sensacionalismo levou aqueles corintianos do inferno ao céu em cinco meses e meio. Era do Bom Dia Brasil ao Jornal da Globo, como se fosse uma saga dos presidiários. O G1 noticiava como os "pobres coitados" recebiam as notícias do Corinthians, os confrontos esportivos criados dentro da cadeia, entre outros absurdos. Faltou apenas um Plantão da Globo para noticiar a saída daqueles marginais do presídio, e a chegada ao Brasil. 

Eis que um belo domingo em Brasília, o Mané Garrincha reformado recebe Corinthians e Vasco para mais uma partida do Brasileirão. Briga entre facções das duas torcidas e a notícia... Notícia que, ao meu ver, serviria para que os interessados por um futebol de primeiro nível no Brasil, tomassem alguma providência. 

TRÊS PRESOS DE ORURO presentes na confusão! Mal embarcaram em território brasileiro e lá estavam três marginais do bando de loucos na barbárie. Obviamente que fiquei chocado e entristecido com a notícia, mas ao mesmo tempo jurava que poderia ser um estopim para novas leis neste país tão desinteressado em aprimorar a sua maior paixão.

Segunda feira, alguns veículos cochichavam sobre aquele absurdo. Era terça-feira e mais nada sobre o assunto.

Claro que a televisão não estragaria a saga dos presos de Oruro, seria um paradoxo, uma contradição à todas as notícias românticas que publicara anteriormente.

Espero que tenham entendido a minha indignação, pois agora dou meu ponto de vista sobre o espetáculo negativo proporcionado pela última rodada do campeonato brasileiro.

O acontecimento é televisionado 24 horas por dia, desde às 16:25 de domingo, quando assistia ao jogo ao vivo. Foi um choque, mas não uma notícia. As brigas entre torcidas já se tornou algo corriqueiro nas vidas de quem realmente torce para o futebol no Brasil.

Mas sinceramente, estão com pena daqueles que estão na UTI de Joinville? Venha cá: os três bandidos hospitalizados, em algum momento, tentaram fugir da confusão? Não! E é por isso que apanharam, que levaram barra de ferro, chutes na cabeça e tudo mais que todos já estão exaustos de assistir. Fato é que a água tinha que bater na bunda de alguém, ou não era isso que estavam procurando? Por um acaso, o "torcedor" do Atlético-PR diagnosticado com traumatismo craniano, não foi com a intenção de causar o mesmo para algum "torcedor" vascaíno?

Não desejo morte para nenhum ser humano, aliás, rezo. Mas nem por isso desejo uma recuperação confortável e plena aos que assumiram o risco de se colocar na UTI. 

Infelizmente, alguns meses depois, os programas esportivos e telejornais brasileiros persistem em transformar o vilão em coitado e formam a opinião de um público ainda ignorante no que se refere à segurança nos estádios de futebol. Sairão dos hospitais para contar a historinha de domingo, como se machucaram, como foram estupidamente feridos, enquanto deveriam cumprir duras penas na cadeia. 

É certo que o sistema de segurança no futebol deve mudar. Se é privado ou público, é claro que me interessa, mas fica para uma próxima discussão. Queria apenas desabafar o que me faz ter um pouco de receio em, depois de formado, tornar-me um jornalista esportivo no Brasil. 

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