O futebol está aí para incomodar. Voltemos ao passado para celebrarmos o jogo apenas pelo jogo, pelo jogado. O que te vem a cabeça? Laranja Mecânica, Brasil de 82, Flamengo de Zico. Chego no presente para perguntar se a Arte, o Encanto e o Espetáculo ainda podem ser encontrados? Alguns podem falar que sim, é óbvio, basta ver o Barcelona de Messi, o Madrid de Cristiano Ronaldo, aqui, mais próximo, o Santos de Neymar. Por mais que respeite, digo que este papo já ficou no passado.
Passado recente, até porque seria redundância da minha parte vangloriar estes craques e melhores do mundo atualmente. Mas o futebol hoje é o seguinte: enquanto o Santos e o Barcelona davam shows em terras distintas do planeta em 2011, o espetáculo ganhava jogo, ganhava título, ganhava Libertadores, ganhava Champions League. Infelizmente os tempos já mudaram e não percebemos.
Barcelona x Chelsea, semifinal da Champions League
Cito o passado como forma de fazê-los pensar como era bom pensar no futebol apenas pelo jogo, pelo bom jogo, pelos lances, pelos gols, pelas tabelas, pelos dribles. Mas o Cruzeiro líder do Brasileiro, o Corinthians prestes a vencer a Libertadores e o Chelsea dono da Europa, dão as cartas e levam o futebol à uma nova era, a era da paciência, da defesa, do desarme, do contra-ataque, do truncado, do estudado, do "competitivo".
Se no passado era a vez de nos depararmos com poesias relacionadas à arte do futebol, como "Pelé", de José Virgílio Gonçalves, o "Gol", de Ferreira Gullar, ou "O Anjo de Pernas Tortas", de Vinícius de Morais, cabe a nós cultuarmos com outras obras ligadas ao momento atual do futebol, refletidas por exemplo, na obra de Tite, Di Matteo e Celso Roth, autores de obras defensivas, nas quais o futebol futuro deve estudar não para aprimorar ou aperfeiçoar, mas sim, vacinar-se e se tornar imune às retrancas que se consagram campeãs em um esporte que antagoniza com o estilo atual praticado em todo o planeta.
Denílson sendo marcado por quatro turcos, semifinal da Copa de 2002