quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Mais um quadro manchado pela torcida



A torcida do Corinthians conseguiu se desfazer de mais um campeão mundial. O capitão Paulo André anunciou, hoje pela manhã, que está de saída para a China. Até aí, nada de novidade, até porque antes de criticá-lo, devemos pensar que qualquer um de nós, com mais de 30 anos, que tivesse conquistado tudo por um clube brasileiro, aceitaria uma proposta financeiramente positiva e que nos desse uma "aposentadoria tranquila".

Fato é que em dez dias, o Timão se despediu de três jogadores considerados "de nome" e vê um futuro breve de muita turbulência, já que o mercado não oferece jogadores melhores dos que saíram. Resta ao alvinegro apostar na sua categoria de base, vice campeã da Copa São Paulo, e nos destaques dos times menores do Campeonato Paulista.

Ainda digo que mais jogadores devem pedir para sair do caldeirão que é o CT Joaquim Grava. Não adianta falar que a segurança está reforçada. Quem se sente bem do lado de dentro, sabendo que há um policial por metro quadrado do lado de fora? Lugar disso é penitenciária, não um centro de treinamento. 

E o treinador? Acabou de chegar e afirmou que não sai de casa, nem para ir ao shopping, nem ao restaurante, por medo de ser repreendido. Você engenheiro, advogado, dentista, cabeleireiro, estudante, aceitaria trabalhar nessas condições? Pois é, nem eu.

Com cara de Libertadores, Botafogo inicia campanha com vitória


O Botafogo voltou a disputar uma Libertadores da América depois de quase 18 anos, mas algo que representa muito bem o torneio sul-americano parece não faltar ao time da estrela solitária: muita vontade e disposição.

O primeiro desafio do Botafogo nessa segunda fase da Libertadores era logo seu maior adversário dentro do grupo 2. Atual campeão argentino, o San Lorenzo tem tudo para disputar a primeira posição e se classificar ao mata-mata da competição. Entretanto, o Botafogo fez a partida parecer mais tranquila do que todos imaginavam. Com o apoio de um Maracanã com mais de 30 mil torcedores e com muita marcação, evitou que o adversário jogasse, principalmente sua estrela, o meia Piatti, que quase não viu a cor da bola, e venceu o jogo por 2 a 0.
Na primeira etapa, viu-se muito mais disputas pela bola do que futebol de qualidade. O zagueiro Dória, após falha ao esperar o quique da bola, quase entregou o primeiro gol ao San Lorenzo, mas Blandi não aproveitou e finalizou para fora. Pouco depois, aos 30 minutos, Lodeiro achou Jorge Wagner com liberdade no meio de campo. O camisa 10 alvinegro avançou e arriscou o chute de fora da área, que contou com desvio, para dificultar a vida do goleiro Torrico. Ferreyra acreditou no rebote do goleiro e apareceu na área apenas para empurrar a bola para a rede. O gol de ‘El Tanque’ serviu para dar moral ao atacante, que já começava a sofrer com a desconfiança da torcida, que ameaçava algumas vaias.
Ferreyra aproveita rebote para abrir placar no Maracanã
No início do segundo tempo, o Botafogo parecia recuado demais, esperando o ataque do San Lorenzo, mas bastou uma boa troca de passes logo aos 6 minutos para os donos da casa ampliarem o placar. Wallyson, jogador que parece ter nascido para jogar Libertadores, recebeu na meia esquerda, puxou para o meio e bateu forte no canto direito, sem chances de defesa. Depois disso, sem grandes sustos, o Botafogo conseguiu deixar o relógio correr até o apito final. Nem mesmo a entrada de Romagnoli no San Lorenzo foi capaz de mudar o placar final: 2 a 0.
Alguns jogadores do Botafogo se destacaram na partida: Jefferson e Bolívar passaram a segurança necessária aos seus companheiros; Edilson apareceu muito bem no apoio, Gabriel esteve presente em todos os lugares do campo, com muita vontade;  e Lodeiro participou bastante, voltando para ajudar na saída de bola. A torcida, ainda que em menos número do que na partida contra o Deportivo Quito, também deu seu show nas arquibancadas do Maracanã.
Muita união entre os jogadores do Botafogo
Agora, o Botafogo faz duas partidas fora de casa pela Libertadores. Primeiro encara o Unión Española no Chile e depois viaja a Sangolquí para enfrentar os equatorianos do Independiente del Valle. Caso consiga conquistar uma vitória nesses jogos, o alvinegro já deve ficar satisfeito para as partidas do returno.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Convocação forçada e merecida

Hoje pela manhã, o técnico Luis Felipe Scolari convocou os jogadores para uma última lista antes da tão aguardada e definitiva chamada para a Copa do Mundo. Nela, estão presentes duas novidades: Fernandinho e Rafinha, de City e Bayern, respectivamente.

O ciclo é simples: Há a transferência para um grande clube europeu, a mídia transmite, apoia e praticamente infiltra o nome do jogador na lista de convocados dos torcedores brasileiros. Resta ao treinador aliar a competência do atleta ao desejo nacional. É aí que entra Fernandinho na lista de Felipão. Isso não faz do volante menos merecedor da vaga.



Certamente há algum tempo Fernandinho vem se destacando no cenário europeu e demonstra muita habilidade nos desarmes como também na armação, posição esta ocupada pelo jogador no início da carreira, no Atlético-PR. Por isso nota-se muita competência na sua saída de bola, o que facilita a transição entre a defesa e os homens de frente.

Já Rafinha ganhou mais espaço com a chegada do técnico Guardiola e tem feito boas partidas pelo Campenato Alemão e Champions League. Vejo como um bom jogador para substituir Maicon ou Daniel Alves, caso algo impossibilite a ida de um deles à seleção. Na Alemanha, o lateral aprimorou muita o seu faro de marcação, podendo liberar Marcelo um pouco mais ao ataque. De resto, nenhuma novidade. Boa convocação.

Algumas notícias que exemplificam essa "ajudinha" da mídia:

http://globoesporte.globo.com/futebol/futebol-internacional/futebol-alemao/noticia/2013/09/xodo-de-guardiola-rafinha-torce-por-chance-na-selecao-estao-me-vendo.html

http://globoesporte.globo.com/futebol/futebol-internacional/futebol-ingles/noticia/2013/12/em-alta-no-city-fernandinho-pede-chance-na-selecao-umazinha-so.html

http://www.lancenet.com.br/copa-do-mundo/City-campanha-Fernandinho-Selecao-Brasil_0_1049895049.html


http://www.foxsports.com.br/noticias/135874-fernandinho-torce-por-vaga-na-selecao-meu-nome-estara-na-lista

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Da UTI ao presídio

Resolvi postar. Fui instigado a dar o meu parecer sobre a tal barbárie que ocorreu em Joinville no último domingo. Falo porque não suporto mais assistir às cenas de violência entre os torcedores de Atlético e Vasco. Falo porque criei uma relação de ódio com o que acontece e o que é transmitido

Desde o incidente com o boliviano em Oruro me pergunto: Será que o jornalismo esportivo realmente quer acabar com a violência e o vandalismo nos estádios? Agora explico porque o menino Kevin me abriu os olhos para tal aborrecimento.

Lembram-se dos apelidados "presos de Oruro"? Pois bem. O sensacionalismo levou aqueles corintianos do inferno ao céu em cinco meses e meio. Era do Bom Dia Brasil ao Jornal da Globo, como se fosse uma saga dos presidiários. O G1 noticiava como os "pobres coitados" recebiam as notícias do Corinthians, os confrontos esportivos criados dentro da cadeia, entre outros absurdos. Faltou apenas um Plantão da Globo para noticiar a saída daqueles marginais do presídio, e a chegada ao Brasil. 

Eis que um belo domingo em Brasília, o Mané Garrincha reformado recebe Corinthians e Vasco para mais uma partida do Brasileirão. Briga entre facções das duas torcidas e a notícia... Notícia que, ao meu ver, serviria para que os interessados por um futebol de primeiro nível no Brasil, tomassem alguma providência. 

TRÊS PRESOS DE ORURO presentes na confusão! Mal embarcaram em território brasileiro e lá estavam três marginais do bando de loucos na barbárie. Obviamente que fiquei chocado e entristecido com a notícia, mas ao mesmo tempo jurava que poderia ser um estopim para novas leis neste país tão desinteressado em aprimorar a sua maior paixão.

Segunda feira, alguns veículos cochichavam sobre aquele absurdo. Era terça-feira e mais nada sobre o assunto.

Claro que a televisão não estragaria a saga dos presos de Oruro, seria um paradoxo, uma contradição à todas as notícias românticas que publicara anteriormente.

Espero que tenham entendido a minha indignação, pois agora dou meu ponto de vista sobre o espetáculo negativo proporcionado pela última rodada do campeonato brasileiro.

O acontecimento é televisionado 24 horas por dia, desde às 16:25 de domingo, quando assistia ao jogo ao vivo. Foi um choque, mas não uma notícia. As brigas entre torcidas já se tornou algo corriqueiro nas vidas de quem realmente torce para o futebol no Brasil.

Mas sinceramente, estão com pena daqueles que estão na UTI de Joinville? Venha cá: os três bandidos hospitalizados, em algum momento, tentaram fugir da confusão? Não! E é por isso que apanharam, que levaram barra de ferro, chutes na cabeça e tudo mais que todos já estão exaustos de assistir. Fato é que a água tinha que bater na bunda de alguém, ou não era isso que estavam procurando? Por um acaso, o "torcedor" do Atlético-PR diagnosticado com traumatismo craniano, não foi com a intenção de causar o mesmo para algum "torcedor" vascaíno?

Não desejo morte para nenhum ser humano, aliás, rezo. Mas nem por isso desejo uma recuperação confortável e plena aos que assumiram o risco de se colocar na UTI. 

Infelizmente, alguns meses depois, os programas esportivos e telejornais brasileiros persistem em transformar o vilão em coitado e formam a opinião de um público ainda ignorante no que se refere à segurança nos estádios de futebol. Sairão dos hospitais para contar a historinha de domingo, como se machucaram, como foram estupidamente feridos, enquanto deveriam cumprir duras penas na cadeia. 

É certo que o sistema de segurança no futebol deve mudar. Se é privado ou público, é claro que me interessa, mas fica para uma próxima discussão. Queria apenas desabafar o que me faz ter um pouco de receio em, depois de formado, tornar-me um jornalista esportivo no Brasil.